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  • Foto do escritorjohn morais

O poder da Humildade

Atualizado: 2 de set. de 2023


Imagens de Bambus

O bambu é um dos símbolos da humildade, pois se curva aos ventos mas se mantém íntegro.


Segundo o dicionário de Oxford, humildade significa a qualidade de humilde, a virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia; simplicidade.


Pode também significar sentimento de fraqueza, de inferioridade, reverência ou respeito para com superiores, falta de luxo ou condição de desfavorecimento econômico.


Vou abordar o assunto humildade no sentido da virtude, como uma condição que pode parecer invisível, inferior, mas que se revela poderosa.


Antes de aprofundar no tema vale ressaltar que tudo existe em gênero e grau, isto quer dizer que humildade é um gênero que possui infinitos graus, ou seja todos somos humildes em algum grau, seja negativamente, neutro ou positivamente, além disso estes graus variam de acordo com nosso momento de vida.


Imagine um termômetro circular com infinitas variações de grau, sendo zero o neutro e para um lado os graus positivos e para o outro os negativos e no fim os dois extremos se encontram. Em nós a humildade deve estar em algum desses graus e isto mostra que não somos estáticos, mas sim dinâmicos.


Todos somos humildes em algum grau
Graus de humildade

Humildade pode vir como um sentimento de que somos algo muito, muito pequeno em relação à tudo que possa existir, e este sentimento traz a noção de que não importa o quão bom possamos ser em alguma coisa, somos nada comparado ao infinito.


Pode parecer um cenário triste ou maldoso, mas na verdade este auto-conhecimento pode ser muito revelador, pois é justamente ele que permitirá que uma pessoa possa reconhecer suas limitações e continuar sua busca na evolução. Neste cenário também é possível compreender que podemos ser grandiosos, mestres em determinada atividade, mesmo sabendo que é possível ser melhor ainda.


A humildade também é importante quando nos deparamos com situações em que nos sentimos atacados ou inferiorizados, e nestes casos dependendo do grau de inteligência emocional podemos agir racionalmente ou sermos sequestrados pelas nossas emoções.


Um exemplo do cotidiano é quando uma pessoa é mal atendida em uma loja, pode haver uma sensação de... "Como essa pessoa ousa me tratar assim? Sou o cliente e tenho todos os direitos! Deveria chingar essa pessoa". Neste caso é comum pessoas ficarem altamente aborrecidas e se sentirem atacadas, se esta pessoa é cruel com o atendente, este é um exemplo de falta de humildade.


Pode parecer muito estranho, mas não quer dizer que não possamos ficar chateados com um mal atendimento, quer dizer que internamente nos colocamos em uma posição acima de outra pessoa e isto torna inadmissível aceitar um tratamento diferente do que achamos merecido, com um rei que não é reverenciado pelo súdito.


Vamos pensar no mesmo cenário aplicando o valor da humildade em um grau mais alto. Ao ser mal tratado o cliente pode pensar... "Humm... que atendimento péssimo! Vou dizer para essa pessoa que este comportamento é inadequado de forma educada para que ao menos os próximos clientes tenham um tratamento melhor".


Percebamos a diferença ao nos depararmos com a mesma situação, na primeira o cliente sentiu-se ofendido e permitiu que sua paz fosse abalada, no segundo caso o cliente entendeu que havia uma pessoa mal educada, não levou para o lado pessoal e pensou em livrar outros clientes de uma situação desconfortável.


Todos esses processos mentais exigem auto-conhecimento, entendimento de que o mundo não gira ao redor de nós e que não somos a medida de todas as coisas.


Muitos pensamentos poderiam rodear as pessoas em uma situação como essa, mas quando uma pessoa reconhece suas limitações não se sente ofendido quando alguém lhe confere uma posição de inferioridade, pois sabe quem ela é.


Um experimento muito interessante pode ser feito com uma nota de dinheiro, podemos pegá-la e amassá-la, dobrá-la, pisá-la e depois desdobrar a nota, o resultado é que a nota continua com o mesmo valor, a nota não muda seu preço porque outra pessoa à maltratou. A nota continua sendo uma nota.


Muitas pessoas não conhecem a si mesmas ou suas limitações e estão constantemente em busca de mostrar que seu valor é o mais alto possível, seja falando de suas realizações, propriedades materiais ou intelectuais. Isto parece muito comum e de certa forma pode ser uma necessidade de auto-afirmação. Todas essas questões podem ser trabalhadas e melhoradas e há muitos estudos, terapias e uma infinidade de meios para nos ajudar.


Há uma fábula de um autor desconhecido que conta a história de um camponês que foi perguntar de um monge o que era humildade, ao que o monge respondeu:


- Vá até o cemitério e xingue os mortos e depois volte até mim.


O camponês foi ao cemitério, xingou os mortos com toda veemência e retornou. O monge perguntou:


- Como foi?


- Nada aconteceu, apenas falei mal deles e coloquei minhas raivas para fora.


Então o monge disse. - Agora volte no cemitério, elogie os mortos e depois volte até mim.


O camponês ficou desconcertado, mas acatou a instrução do sábio. No cemitério ele elogiou os mortos e então voltou com o monge, que o perguntou novamente:


- Como foi?


- Fiz meus melhores elogios e nada aconteceu.


Então o monge explicou.


- Assim é a humildade, quando lhe xingarem não se sinta ofendido, pois as palavras que saem da boca de outras pessoas não determinam quem você é, e quando lhe elogiarem não tome como verdade e se envaideça, os elogios também não determinam quem você é, pois você é o que é.


Quando atingimos sucesso em determinada situação as pessoas nos elogiam e podemos internalizar estes comentários, acreditando que somos como heróis, deuses ou estrelas, quando na verdade continuamos a sermos quem somos. Se removerem todas as roupas, riquezas e famas restará apenas o humano nu. Este cenário de envaidecimento é muito comum quando há um crescimento rápido na vida de uma pessoa, pois não há tempo para evoluir o pensamento junto com a velocidade das mudanças, em muitos casos a mente das pessoas se quebra.


É importante ressaltar que qualquer virtude deve ser observada e identificada pelos outros, isto quer dizer que a partir do momento que uma pessoa diz que é humilde, ela automaticamente é considerada sem humildade.


O professor Clóvis de Barros Filho traz uma reflexão interessante sobre o auto-elogio:



Podemos compreender que a percepção de nós mesmos não é igual à percepção que os outros tem sobre nós, e em certos casos podemos estar alinhados com nossas limitações e em outros não. Um exercício interessante seria perguntar de pessoas que lhe conhecem e que você confia, quais virtudes ou valores a pessoa vê em você. Então ouvir verdadeiramente as críticas alheias com o coração aberto e uma mente reflexiva para aprender ou descartar o que não for saudável.


O poder da humildade é imenso e pode transformar o mundo ao seu redor, a sua percepção muda e a maneira como encara as circunstâncias e as outras pessoas também.


Encerro com uma frase do poeta espanhol, Miguel de Cervantes.


"A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja.".

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